sábado, 16 de outubro de 2010

70 anos de John Lennon


Não é fácil escrever sobre Lennon, tendo em vista que tudo já fora dito sobre ele. Todos nós sabemos que Lennon junto com Paul McCartney não deram só vida nova ao Rock N' Roll como também deram-lhe amadurecimento e o reconhecimento artístico que de que necessitava. Sabemos também que Lennon fora ao mesmo tempo um santo pela maioria das pessoas devido a sua militância política pós-Beatles, junto com a esposa Yoko Ono, apesar de nos bastidores ser uma personalidade extremamente humana com todos os defeitos, muitos gritantes, que muitos de nós temos. Sabemos de cor a historia dos moleques de Liverpool, em especial daquele que causou polémica ao dizer que os Beatles eram "mais populares que Jesus". Sabemos que ele teve o mundo nas mãos e jogou-lhe ao alto como se fosse algo descartável Sabemos, claro, que tinha um futuro prospero pela frente que não veio a se concretizar.


Considero-me Lennonmaniaco quando o assunto é Beatles, sendo que prefiro bem mais suas composições do que as de McCartney, apesar deste ser considerado musicalmente superior. Gosto da inventividade músical de Lennon, das composições psicodélicas pós-revolver, da lírica versatil de e do fato de ser um artista que sempre esteve em mutação. Curto o saudosismo melancólico de "In My Life" e "Stawberry Fields Forever", o quebra-cabeça psicodélico de "I am the Walrus", a beleza cínica de "Norwegean Wood", o caos de "Tomorrow Never Knows" e muitas outras composições que Lennon nos presentiou nos seus tempos de Beatles.

Gosto também de diversas músicas da carreira solo de John Lennon. A minha favorita é "Jelows Guy", outros gostam de "Imagine" ou de "Give a Peace a Chance". Difícil encontrar alguém que ponha entra suas favoritas músicas mais tensas e sombrias, apesar de igualmente brilhantes, como "Cold Turkey" e "How do you Sleep?", está um libelo nada amigável ao ex-amigo Paul McCartney. 

John Lennon em seus 40 anos de vida abusou dela como poucos. Após a morte de John, o jornalista e crítico de Rock n' Roll Lester Bangs escreveu o sobre o ocorrido no jornal Los Angeles Times

A gente nunca sabe como vai reagir a essas coisas, mas não posso dizer que fiquei tão surpreso quando a NBC  interrompeu seu Tonight Show para anunciar que John Lennon estava morto. Sempre achei que ele seria o primeiro dos Beatles a morrer, porque sempre viveu no limite existencial, seja mergulhando de joelhos na inconsequência da esquerda ou simplesmente por calar a boca durante 5 anos, quando decidiu que não tinha mais muito a dizer. (BANGS, Laster. Reações Psicóticas. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2005.)   

De fato Lennon foi um pouco de tudo durante a sua vida: garoto problema traumatizado pela perda dos pais, rockeiro iniciante com jeito de rebelde alá James Dean, celebridade com ares de bom mocismo burguês, imediato de uma embarcação que pretendia levar-nos em busca de doces sonhos, artista apaixonado por sua musa, intelectual de esquerda que desejava mudar o mundo e, por fim, homem de família. 

Lennon foi uma das celebridades mais mitificadas da historia do século XX, muitos viam nele um exemplo de ativista pró-paz, o homem que muitos de nos gostaríamos de ser, sendo que ele não era diferente de muitos de nos e possuía defeitos que seriam considerados horríveis por nossa sociedade como o fato de que fora um pai ausente para o primeiro filho. A grande importância de John Lennon não é a sua historia de vida pessoal, que embora cativante como se fosse um a de um personagem ficcional, apenas nos mostra o quanto figuras como celebridades despertam a nossa curiosidade. Lennon tem importância acima de tudo como artista que ajudou o Rock n' Roll a sair da mera banalidade pueril das diversões juvenis para se transformar em um género musical que pudesse ser levado a serio com a capacidade de reinventar conforme as gerações que lhe tiram algum proveito. 







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